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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Terminei de ler a bíblia.


Que vergonha levar 3 meses pra ler um livro de quase 1000 páginas, mas a verdade é que eu não queria terminar ele nunca. E o pior é que a pamonha mole aqui chorou no final! Sim, a pamonha mole sabe exatamente como a história acaba, sabe de cada briga, de cada morte, de cada decepção, e ainda assim chora. O quão retardado é isso?

Ao longo desses 3 meses, fui comentando sobre trechos do livro, principalmente sobre a discreta parcialidade do autor quanto a Paul McCartney. Outros posts que eu fiz sobre a banda tiveram influência da leitura, e outros tantos ainda terão - será uma eterna fonte de pesquisa. 


PRÓS: A riqueza de detalhes é impressionante, você se sente como se estivesse lá, olhando pra tudo aquilo e vivenciando cada conversa. O autor gastou sete anos entre pesquisas, entrevistas e levantamento de dados para fornecer informações precisas de datas, locais, pessoas e citações. Ele pesquisou a origem das famílias, deu uma aula de história sobre Liverpool, explicou o comportamento típico dos anos 50 e 60. Embora eu já soubesse o suficiente pra uma beatlemaníaca fora de época, essa pesquisa detalhada me abriu os olhos quanto a certos comportamentos dos Fab Four (que eles não eram rapazes comportados, de maneira alguma!); me tirou algumas dúvidas em relação a alguns acontecimentos (como em Hamburgo, fase que definiu a banda); me fez rever conceitos sobre muitas pessoas (principalmente John Lennon, Yoko Ono - que eu juro que tava tentando ver de uma maneira mais humana -, e Brian Epstein); me fez entender cada detalhe do mito que foi criado em cima da banda. Tudo.

CONTRAS: Li críticas na internet de que o autor falha com datas e citações, mas creio que depois de tanta pesquisa seja meio improvável que ele tenha errado tanto como dizem. De qualquer forma, são detalhes que não fazem tanta diferença nos acontecimentos. Pra mim, o único defeito do livro é que, de certa altura até o final, ele começa a correr com a cronologia, como se não visse a hora de acabar. Algumas coisas que ele poderia levar mais tempo explicando, ele contou como quem comenta o que comeu no almoço (a teoria Paul is Dead e o Show no Telhado, por exemplo). Mas eu sei que se ele fosse entrar em mais detalhes, esse livro seria absurdamente extenso e cansativo...


O livro é uma biografia dos Beatles enquanto banda, então nada do que foi feito após o rompimento foi citado. A história de cada um deles é contada desde seus avós chegando à Inglaterra; e o livro termina exatamente neste ponto:



Quando Paul vai a público dizer que a banda havia terminado por "tempo indeterminado" - deixando John Lennon muito puto, por assim dizer. John já havia abandonado a banda há muito tempo, quando decidiu viver apenas para Yoko Ono e a heroína. Mas nunca pensou em avisar ninguém sobre isso. Paul tentou manter a banda unida como pode, mas George e Ringo já estavam cansados das tentativas e o deixaram sozinho. O que ele fez? Disse que a banda tinha acabado (ou ele ia deixar as pessoas esperando?). Nisso, todos passaram a acreditar que o responsável pelo fim da banda havia sido ele e seu imenso ego, o que deixou John particularmente zangado; afinal, ele queria ser o estraga-prazeres de um mundo todo: "Ah, meu Deus, agora ele vai receber todo o crédito!". E fechou com a máxima:

"É isso, meus queridos, vocês vão ter que continuar. O sonho acabou."

Mas a lenda tinha apenas começado.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

♪ and the people who gain the world and lose their soul...






Nós estávamos falando
Sobre o espaço vazio entre todos nós,
E as pessoas que se escondem atrás de um muro de ilusão
Nunca vislumbram a verdade
Até que já seja bem tarde, quando elas morrem.

Nós estávamos falando
Sobre o amor que todos poderíamos dividir, quando o achamos
Para tentar segurá-lo lá o melhor que pudermos.
Com o nosso amor,
Com o nosso amor, nós poderíamos salvar o mundo
Se eles ao menos soubessem...

Tente imaginar que está tudo dentro de você
Ninguém mais pode fazer você mudar
E ver que você é apenas pequeno demais
E que a vida flui dentro de você e sem você.

Nós estávamos falando
Sobre o amor que ficou tão frio
E as pessoas que ganham o mundo e perdem a alma
Elas não sabem, elas não veem
Você é uma delas?

Quando você enxergar para além de si mesmo
Então você encontrará
A paz de espírito que está lá esperando
E chegará a hora em que você verá
Que somos todos um
E que a vida flui dentro de você e sem você.


- George Harrison, Within You Without You.
@ The Beatles: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967)




George Harrison, the quiet beatle. Faria 67 anos amanhã.
Hare Krishna, George.

.

Para a biografia resumida de Harrison, confira o meu post do ano passado.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"Eu olho pra todos vocês e vejo o amor que está dormindo..."

Da outra vez eu disse que não tinha certeza se isso também seria um especial. Ainda não sei, mas este cover eu preciso postar.

Esses dias atrás eu redescobri um CD que estava soterrado em meio a tanta porcaria que tá largada no escritório da minha casa. Chama-se "Beatles Forever", e é uma compilação de covers feitos por vários artistas famosos, como Elton John, Steve Wonder, David Bowie e outros. Coloquei pra tocar e foi uma verdadeira sessão nostalgia; eu ouvia esse CD direto quando era mais nova, antes mesmo de conhecer grande parte das versões originais.

Aí começou a versão de While My Guitar Gently Weeps, feita pela The Jeff Healey Band, e eu me reapaixonando pela voz do cara. Cliquei no ícone do LastFM pra ler sobre a banda, cujo nome me era completamente desconhecido. Aí fui apresentada à Jeff Healey, e agora digo foi a descoberta tardia mais feliz e triste que fiz nos últimos tempos.

Apresentando muito sucintamente, só para que vocês entendam,

Jeff Healey nasceu no Canadá, em 25 de março de 1966, e foi adotado ainda bebê. Com menos de um ano de idade, desenvolveu um tipo raro de câncer que o deixou cego, tendo seus dois olhos removidos e substituídos por artificiais. Aprendeu a tocar violão ainda com 3 anos, desenvolvendo sua técnica única de tocar com o violão deitado sobre seu colo, utilizando todos os 10 dedos - estilo que o caracterizou a vida toda. Montou sua primeira banda com 17 anos de idade, e logo depois surgiu o The Jeff Healey Band, um trio de blues/jazz/rock que fez muito sucesso por lá, e teve até uma indicação ao Grammy de Melhor Performance de Rock Instrumental. Tanto banda quanto ele próprio fizeram turnê com vários artistas consagrados do estilo. Infelizmente, em 2007, o câncer voltou a atormentar Jeff Healey e, embora tenha sido operado, os sarcomas voltaram e então em 2008, com 41 anos, ele veio a falecer. Ele deixou esposa e um casal de filhos - o mais velho, inclusive, tendo a mesma doença do pai.

Então, obviamente, o post de hoje será em homenagem a essas duas pessoas por quem tenho grande admiração e respeito: Jeff Healey e, como verão, George Harrison.

Clique para conferir original de cover de While My Guitar Gently Weeps (com respectivas infos):


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Oh Yoko!


Os jornais diziam, "digam os que vocês estão fazendo aí nessa cama"
Eu disse que só estávamos tentando conseguir alguma paz
Deus! Você sabe que não é fácil
Você sabe o quão difícil isso pode ser
Do jeito que as coisas vão indo
Eles vão acabar me crucificando.

{The Ballad of John & Yoko, The Beatles}


E realmente crucificaram.
Ninguém entendeu a chegada dela. Nem ela entendeu por que foi metida nisso. Não dever ser fácil ainda ser acusada por uma coisa que aconteceu há 40 anos atrás...

De qualquer forma, feliz 77, Yoko.
(amanhã, na verdade.)