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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Uma das grandes lembranças que tenho do John é de quando estávamos tendo algum tipo de discussão. Eu estava discordando e nós estávamos nos xingando de vários nomes. Deixamos a coisa esfriar por um segundo e então ele abaixou os seus óculos e disse: "Sou só eu". E então colocou seus óculos de novo. Pra mim, aquele era o John. Aqueles eram os momentos em que eu realmente o via sem a fachada, a armadura, que eu também amava, como todo mundo. Era um lindo conjunto de armadura. Mas era maravilhoso quando ele deixava o "visor" abaixado e você conseguia ver o John Lennon que ele morria de medo de revelar ao mundo.

— Paul McCartney


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Saudades, tio Jorge.

Hoje é aniversário de 9 anos da morte de George Harrison e não sei o que postar. No último ano, minha admiração e carinho pelo Tio Jorge (chamo ele assim desde que sonhei que ele era meu tio!) só cresceram; chego a cogitar que ele seja meu beatle favorito. Não apenas pelas suas belas composições, mas por quem ele foi, por quem ele se tornou, pelo que fez pelos outros e pelo lindo legado que deixou. Ouvir a sua voz e mesmo ver suas imagens me transmite uma paz que não consigo explicar.



Se pudesse, deixaria aqui todo o Concert For George para que vocês assistissem e sentissem o quanto ele é amado por seus amigos, fãs e pessoas que tiveram a felicidade de conhecê-lo, e o quanto sua música é especial e como toca quem a ouve. Já deixei um vídeo dele por aqui uma vez, mas não vamos chorar. Hoje farei diferente...


Eu ia deixar só a música e colocar aqui mais algumas fotos, mas o vídeo mostra várias imagens do George durante os anos, então resolvi deixar. Esta foi a última canção que George escreveu e gravou, como parceria com o seu filho Dhani para o álbum de Jools Holland, em 2001, alguns meses antes de morrer. A letra fala, de maneira geral, sobre as pessoas que ignoram avisos e conselhos; incluindo sua teimosia em parar de fumar mesmo com a recomendação do médico, já que ele estava com câncer de pulmão. George fumava desde os 14 anos.



{ Post do ano passado / minibiografia }

sábado, 9 de outubro de 2010

70 anos...




As fotos estão em ordem cronológica. Esta última faz parte da última sessão de fotos que John Lennon tirou, em 8 de dezembro de 1980. O dia de sua morte.

Imagine, porque eu não sou nada original.

Feliz aniversário, John.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Macca, eu escolho você!

Em homenagem aos shows do Paul McCartney no Brasil, que já foram confirmados, e que eu vou perder.
Pra descontrair.

Escolha uma pessoa de preferência e poste uma foto dela para cada item:


  • ... com a cara mais engraçada:


  • ... comendo:
Ele não tá comendo, mas é o que tá mais perto disso.

  • ... com um animal:
Não é "um animal", é a Martha!!

  • ... com um membro do sexo oposto:
Eu sempre coloco foto da Linda, então vai a Jane Asher agora.

  • ... com sua melhor roupa:


  • ... sorrindo:


  • ... semi-nua:
Nada de semi nessa foto.

  • ... fazendo uma atividade ao ar livre:


  • ... com sono/dormindo:


  • ... em uma situação interessante:
Ao vivo num chat e usando uma máscara azul. Me diz o que não é interessante nisso.


  • ... sua favorita:
:D

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Talvez eu esteja muito surpreso.




Maybe I'm amazed at the way you love me all the time
Maybe I'm afraid of the way I love you
Maybe I'm amazed at the way you pull me out of time
You hung me on the line
Maybe I'm amazed at the way I really need you

Maybe I'm a man
Maybe I'm a lonely man who's in the middle of something
That he doesn't really understand.

Maybe I'm a man
And maybe you're the only woman who could ever help me.
Baby, won't you help me to understand?

...

Maybe I'm amazed at the way you're with me all the time
Maybe I'm afraid of the way I leave you
Maybe I'm amazed at the way you help me sing my song
Right me when I'm wrong
Maybe I'm amazed at the way I really need you.


~ Maybe I'm Amazed
Paul McCartney
@Paul McCartney (1970)



Acho que vocês se lembram do post que fiz sobre o meu casal favorito de todos os tempos. Esta música foi uma das primeiras de muitas que Paul escreveu pra sua esposa, companheira e melhor amiga, Linda. Nesta época, Linda o estava ajudando a atravessar o momento difícil que surgiu para ele com o fim dos Beatles. A canção não chegou a ser um single enquanto Paul estava em carreira solo, mas depois foi relançada já com o Wings, ganhando até um vídeo oficial:

Vídeo super família: o casal com as filhas, a cachorra Martha e a fazenda na Escócia.

Ainda mais cedo eu estava assistindo ao DVD Wingspan, que é um documentário sobre a trajetória do Wings, desde que Paul e Linda se conheceram. É uma entrevista divertida com Paul McCartney, feita pela filha mais velha do casal, Mary (o bebê do vídeo acima). Tem vários trechos de entrevistas antigas com eles, e eu adoro a voz da Linda, ela tem um tom super grave; fora tudo o que a envolvia, seu senso de "não ligo pro que dizem de mim, eu uso meias que não combinam se eu quiser" e tudo o mais.

Enfim, hoje seria o aniversário de 69 anos de Linda McCartney, minha tia favorita.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Clã McCartney

Acho bonitinho que todos os filhos de Paul McCartney façam aniversário tão perto um do outro. Até a Linda faz aniversário esse mês, mas ela vai ter post separado ;)

(A Heather, que é a filha mais velha, na verdade não entra na tradição do clã... Talvez porque ela não seja filha biológica do Paul. /teoriasdeemmanuella)


Mary Anna McCartney






Nasceu em 29 de agosto de 1969 (41 anos). Seu nome é em tributo à avó, mãe de Paul, que morreu de um câncer de estômago quando ele era ainda muito jovem. Mary é fotógrafa profissional como a mãe, e vegetariana e ativista em favor dos direitos animais como toda a família. Deu a seu pai o primeiro neto, e hoje tem 3 filhos (2 do primeiro casamento e um do atual).





Stella Nina McCartney



Nasceu em 13 de setembro de 1971 (39 anos). Seu nome é em tributo às duas avós de Linda (ambas se chamavam Stella). É a filha mais famosa do casal — Stella é estilista de moda, tendo trabalhado com nomes como Chloé e Gucci, entre muitos outros, e também com modelos de renome internacional, como Naomi Campbell e Kate Moss. Também é vegetariana, ativista do PETA e não usa peles em seus designs. Desenhou o vestido de casamento da sua irmã e também o de Madonna (quando casou-se com Guy Ritchie), além do figurino de muitos artistas, tanto da música quanto do cinema. Tem uma linha de cosméticos chamada CARE, que é feito à base de produtos orgânicos vegetais. Também desenha jóias. É casada e mãe de 3 (atualmente grávida do quarto!).


James Louis McCartney




Nasceu em 12 de setembro de 1977 (33 anos). Seu nome vem do nome de seu avô paterno (grande Jim McCartney, figura ele [como se eu tivesse conhecido, mas pelo que li ele era o cara]) e do próprio pai (afinal, Paul é seu segundo nome. James Paul McCartney, aham). Seu segundo nome vem da mãe de Linda, que se chamava Louise (que é também o segundo nome de Linda). James é músico, participou de algumas músicas do pai e logo lançará algo seu. Apesar de preferir viver recluso, ao contrário das irmãs, é também um vegetariano ativista pelas causas animais.




Mais algumas fotos desse povo bonito:

A mais velha aqui à esquerda é a Heather, filha do primeiro casamento de Linda, que foi adotada depois por Paul. Mary acima e Stella abaixo.

Mary e Stella. Ambas e Heather (e mais tarde, por pouco tempo, James) acompanharam os pais nas turnês do Wings.

Stella e Mary com o Papai McCoruja.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cyn.

Dae, galerinha gente boa.

Mais um post we are family relacionado aos Beatles. Como já disse, prefiro falar da família deles do que da minha. Mesmo que meus sonhos insistam que George Harrison e Ringo Starr sejam meus tios. Bom. 

Aliás, dias atrás a Carolzinha me perguntou como eu consigo essas informações sobre as famílas deles. Bom, não tem segredo, eu leio muito (muito) sobre eles — livros, matérias, entrevistas, saio à caça desenfreada de informações e imagens, e elas não são tão difíceis de achar. É a banda mais famosa do mundo por décadas, então são sempre assunto por aí. É só saber achar ;)

Hoje é aniversário da Cynthia (Powell) Lennon (71), que foi a primeira esposa de John Lennon e é mãe do Julian (o "muso" inspirador de Hey Jude). Vocês devem se lembrar daquele meu post sobre o filme Nowhere Boy, onde eu ressaltei (várias vezes) o fato de terem omitido a Cynthia completamente da história. Não que eu seja grande fã dela, na realidade. A bem da verdade, pessoalmente acho a Cynthia da época um tanto quanto "devagar" e facilmente manipulável, e atualmente a acho levemente oportunista. Mas vamos ver isso direito.

Que foto de família mais cândida.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eppy.

Judeu. Homossexual. Pomposo. Gênio.

Esse foi o cara que botou ordem nos quatro garotos arruaceiros de Liverpool. O cara que tinha pavor de rock'n'roll, mas um instinto inegável em farejar talentos. O cara que botou fé naqueles guris e abriu portas, janelas e portões de Liverpool para o resto do mundo.

Em 27 de agosto de 1967, morria aos 32 anos Brian Samuel Epstein, empresário e considerado por muitos o quinto Beatle.





quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"Nowhere Boy". Nowhere apuração histórica, principalmente.

Foi lançado no ano passado na Europa o filme Nowhere Boy, que assassina conta a história da infância/adolescência do "herói da classe trabalhadora", John Lennon — seu período de vida antes de se tornar um beatle.

Eu nunca me senti muito entusiasmada pra assistir ao dito cujo, desde que vi o trailer. Eu acho que um diretor (no caso do filme, diretora) que admite um ator de olhos azuis pra fazer papel de John Lennon deve ter deixado escapar outros tantos detalhes que jamais passariam despercebidos pelos fãs. E vejam bem, não precisa ser pra saber que John não tinha nada nem perto de olhos azuis. É só procurar uma foto qualquer no Google. Enfim, topei com o filme pra assistir online, terça-feira, e a curiosidade foi maior.

Devo dizer que não errei no julgamento. O filme é uma compilação de 90 minutos de total nonsense histórico. Eu não sei baseado em que essa diretora fez o seu filme, sob que circunstâncias ou com quem exatamente ela andou se consultando *caham*YOKO*caham*; mas acho que o fato de praticamente todos os personagens principais estarem mortos contribuiu pra total falta de coerência do enredo. (p.s. aqui: ela consultou Paul McCartney, que disse não ter aprovado o roteiro completo e nem apareceu na première; mas dizem que a Yoko amou o filme.)

Ao invés de fazer uma resenha e apontar as discrepâncias, vou fazer uma crítica bem-humorada e sarcástica (mais sarcástica do que bem-humorada, a bem da verdade). Só porque eu tô a fim.

Antes de continuarem, um aviso: Eu não sou dona da verdade e não quero soar prepotente na seguinte "crítica". Mas eu li muito sobre a história de John Lennon e dos Beatles e de cada um dos seres que cruzaram esse caminho, então eu tenho ao menos uma vaga ideia do que estou falando. Como segunda nota: Nowhere Boy não é um filme para fãs, mas para curiosos.





quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mo.

Olha só, o ódio apoderou-se do meu corpo e acabei esquecendo completamente que tinha um post especial pra fazer. Fica pra hoje, então.

Antes, a nível de curiosidade, só queria contar que já comecei a faculdade de Jornalismo e as primeiras impressões foram bem boas. Prevejo pressão e correria. That's the way, uhu uhu, I like it, uhu uhu ♪

Povo deve ver esses meus posts obsessivos sobre membros das famílias dos beatles e pensar que eu sou doente. Ah, chamem do que quiser; eu realmente gosto de falar sobre isso, fico sabendo tanto sobre cada um deles que os considero da minha própria (talvez porque eles sejam a minha ideia de família ideal, já que a minha... enfim). E daí eu sinto vontade de conversar com alguém sobre isso e, como não encontro, posto aqui, vocês leem e eu fico feliz igual :)

Eu falei uma vez que postaria um dia sobre a Maureen, que foi esposa do Ringo. Pois então, ontem foi aniversário dela (ela faria 64 anos) e achei que a melhor oportunidade seria então. Afinal de contas, a história dela e do Ringo é bonitinha e termina de maneira chata, também...




domingo, 1 de agosto de 2010

Dhani.

Não tenho muito o que dizer e também tô sem inspiração pra me empolgar pro post de hoje.





Só queria dizer que hoje é aniversário do Dhani Harrison (32), filho do George Harrison com sua esposa Olivia. Fui procurar no YouTube pra ver se tinha algum vídeo em que os dois apareciam juntos, já que eles chegaram a tocar juntos algumas vezes, mas só acho os tributos póstumos ao George... De qualquer forma, achei esse vídeo do Fantástico, acredito que de 2002. Mostra bem o Dhani e o George e fala um pouco sobre o último álbum... Bom, é emocionante (sou suspeita, ultimamente tudo pra mim é emocionante).






Dhani é tão parecido com o pai que gerou até piadinha do Paul McCartney no Concert For George, qualquer coisa como:

"Olivia disse que ter o Dhani aqui no palco faz parecer que todo mundo envelheceu, menos o George."

Seu nome vem da junção de duas notas da escola musical indiana, "dha" e "ni". Dhani tem sua banda, chamada thenewno2, que não soa como nada que seu pai tenha feito. É formado em Física mas preferiu seguir a carreira musical; ajudou o pai a compor e produzir algumas de suas músicas e lançou o Brainwashed depois que o pai morreu.


quarta-feira, 28 de julho de 2010

A chamada "The Jesus Controversy" faz anos.

"O Cristianismo passará. Vai sumir e encolher. Não preciso discutir sobre isso. Estou certo e serei provado disso. Nós somos mais populares do que Jesus, agora. Eu não sei o que vai sumir primeiro, o rock'n'roll ou o Cristianismo. Jesus era legal, mas seus discípulos eram estúpidos e ordinários. É o que eles distorceram que arruina tudo pra mim."

Acredito que todos aqui já tenham ouvido falar na famosa polêmica que essas palavras de John Lennon provocaram, quando saíram na revista americana DATEbook, em 29 de julho de 1966. A declaração gerou revolta em muitas pessoas que já procuravam motivos para desaprovar a influência que a banda exercia na juventude da época, e inclusive em muitos fãs. Depois dela, discos foram queimados em praça pública, shows foram boicotados, as músicas foram banidas das rádios de vários países e a banda mesmo recebeu ameaças de morte, inclusive, acreditem, da Ku Klux Klan. Este foi um dos grandes motivos pelos quais os Beatles encerram suas turnês em 1966 e nunca mais tocaram juntos em público até o fim da banda, em 1970.

Logo depois de ter dado a declaração, em seu quarto de hotel em Chicago.

Porém, houve muito de má-interpretação nesta infeliz escolha de palavras. A entrevista original foi dada a uma jornalista, amiga da banda, de um jornal britânico no começo do mesmo ano e não houve repercussão alguma sobre ela na Europa, pois a dita declaração fazia parte de todo um contexto que foi simplesmente omitido na publicação americana. A polêmica não teve espaço na Inglaterra pois o Cristianismo estava realmente decaindo na Europa desde a Primeira Grande Guerra, e a Igreja não escondia seus esforços para se tornar relevante novamente.

Obviamente, depois de toda a confusão e prejuízo que a declaração gerou, Lennon se viu obrigado (principalmente pelo empresário da banda, Brian Epstein) a se desculpar publicamente. John aceitou, mas as entrevistas que se seguiram não foram bem "pedidos de desculpa". Soavam mais como uma justificativa. Ele não queria retirar o que disse, queria apenas se explicar.

"Se eu tivesse dito que a televisão era mais popular do que Jesus, eu teria escapado disso tudo. Vocês sabem, mas como aconteceu de eu estar conversando com uma amiga, eu usei a palavra 'Beatles' como uma coisa remota - não como o que EU penso dos Beatles ou como as outras pessoam veem a gente. Eu só disse que eles estão tendo mais influência nos jovens e nas coisas do que qualquer outra coisa, incluindo Jesus. Mas eu disse isso daquele jeito, que foi o jeito errado."

"Originalmente eu estava apontando o fato me referindo à Inglaterra - que nós significávamos aos jovens mais do que Jesus significou, ou a religião, naquela época. Eu não estava criticando negativamente ou tentando derrubar, só estava dizendo aquilo como um fato. E é mais ou menos verdade, especialmente mais na Inglaterra do que aqui. Eu não estava dizendo que nós éramos melhores, ou maiores, ou nos comparando a Jesus Cristo como pessoa ou a Deus como o que quer que Ele seja, sabem. Eu só disse o que disse e estava errado, ou fui interpretado errado. E agora deu nisso."

Sendo, portanto, constantemente pressionado pela imprensa que não queria ouvir suas explicações, apenas o pedido de desculpas oficial, Lennon se dá por vencido:

"Eu não estava dizendo o que quer que eles digam que eu estava dizendo. Na verdade estou até arrependido de ter dito aquilo. Nunca pretendi ser um anti-religioso nojento. Me desculpem, se isso os deixa felizes. Ainda não sei direito o que foi que eu fiz. Eu tentei dizer a vocês o que eu fiz mas se vocês querem que eu me desculpe, se isso os deixa felizes, então beleza, desculpe."

Apesar de tanto esforço por se fazer entender, as coisas nunca mais foram as mesmas para ele ou para a banda. Talvez a maior tragédia que tenha ocorrido em decorrência de tais palavras tenha sido o próprio assassinato de John, em 1980. Mark Chapman, o autor dos disparos que o mataram e dito "cristão fervoroso", disse que se sentiu impelido a assassinar o homem que tanto adorava por causa da sua "blasfêmia" e de músicas como God e Imagine, que, segundo ele, o decepcionaram profundamente.

Em 2008, o Vaticano foi tomado de bondade divina e resolveu perdoar a declaração de John Lennon, sob o argumento de que aquilo foi "apenas uma demonstração de orgulho de um jovem que foi dominado pela fama excessiva". Aproveitaram também para retirar tudo o que diziam a respeito da banda na época, sobre seu comportamento e influência, e até elogiaram suas "belas melodias" e os chamaram de "uma jóia preciosa". John não viveu o suficiente pra receber as boas novas, mas seu amigo Ringo Starr deu uma resposta à altura: "Ué, o Vaticano dizia que nós éramos satânicos e fazíamos coisas satânicas, e agora quer nos perdoar? Desculpem, acho que vocês têm coisas mais importantes do que os Beatles com o que se preocupar".

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É importante que se entenda que nem John Lennon e nenhum dos outros Beatles eram anticristos e tampouco desacreditavam em Deus. Ser contra Deus e ser contra a Religião são coisas diferentes, e isso Lennon fazia questão de deixar bem claro. John tinha suas crenças mas sempre foi um inconformado com muitos aspectos da vida e se questionava sobre muitas coisas, inclusive ele mesmo.

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FONTES: Beatles Timeline | About | Wikipedia | Telegraph | SPITZ, Bob. The Beatles: A biografia.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Há 53 anos, a mais famosa dupla do mundo se formava.


Dois rapazes de idades diferentes, classes diferentes, realidades familiares diferentes; que se conheceram na quermesse anual de Liverpool, enquanto a banda de skiffle local, The Quarry Men, tocava. Dois garotos que em nada se assemelhavam, salvo em um aspecto: a paixão pela música. Dois rapazes que viram um no outro o que queriam ser dali em diante...

...A dupla mais importante, produtiva e perfeita da história da música.


"Não havia dúvida, eles estavam sintonizados na mesma estação. No entanto, além da paixão pela música e da identificação, ambos preenchiam enormes lacunas na vida um do outro. Enquanto John era impaciente e descuidado, Paul era perfeccionista - ou pelo menos aparentava ser - na abordagem metódica em relação à música e na forma como via o mundo.

Enquanto John era temperamental e despreocupado, Paul era expansivo, gregário e irrepreensivelmente alegre. Enquanto John era direto e brutalmente franco, Paul usava da diplomacia para manipular as situações. Enquanto John tinha atitude, a natureza artística de Paul era um trabalho em progressão. (...) Enquanto John lutava para se transformar em músico, Paul parecia ter nascido músico."

SPITZ, Bob. The Beatles: A biografia. São Paulo: Larousse do Brasil, 2007.

Lennon-McCartney. Desde 1957.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os 43 anos do Sargento Pimenta - A capa.

Promessa é dívida, não é? :)


Terminada a gravação do álbum, agora todos precisavam pensar em como seria a capa. Já estava decidido que deveria ser algo inusitado e ousado, como o álbum, também divertido e alegre, mas que se impusesse. Como aquele era um projeto incomum em todos os sentidos e inovava em muitos aspectos, eles também quiseram ser diferentes com a embalagem do disco: não apenas o papel-cartão habitual, mas talvez um algo a mais, brindes extras, qualquer coisa que fizesse as pessoas se interessarem pelo que havia dentro.

(Vejam bem, a essas alturas os Beatles já não vendiam tão bem quanto costumavam, devido à polêmica da declaração de John Lennon que citei no post anterior. Praticamente todo o material de merchandising que vendiam, incluídos os álbuns, eram comprados para ser queimados em praça pública. Então a ideia era fazer as pessoas comprarem o álbum para ouví-lo, por isso o interesse em chamar a atenção.)


Para abrirem a mente para novas ideias a respeito da capa, contrataram uma agência de publicidade de Londres. Como era uma agência nova cheia de gente jovem e empolgada, a ideia inusitada veio logo: já que o álbum é conceitual, ou seja, conta uma história, por que não imprimir uma espécie de livro com as letras das músicas, para que as pessoas possam ler a história enquanto a ouvem? Ideia genial! Assim o Sgt. Pepper's se torna o pioneiro em mais um aspecto que é banal hoje em dia: foi o primeiro álbum da história a incluir um encarte com as letras das músicas.

O esboço da capa ficou por conta de Paul McCartney, que sempre tomava a dianteira nos projetos da banda. Geralmente os outros não gostavam muito dessa autoimposição, mas dessa vez não fizeram objeções, afinal a ideia dele parecia realmente boa: ao invés da costumeira foto dos quatro sozinhos, eles posariam com seus uniformes de banda de marcha em frente a quadros de seus heróis; seria uma foto bem cheia de detalhes e coisas para o público ficar procurando. Chamaram um grupo de artistas plásticos holandeses para ver o que eles poderiam fazer pela arte da parte interna do encarte, e eles inventaram um caos baseado numa típica viagem de ácido: cores espalhafatosas misturadas a paisagens irreais e animais fantásticos. Apesar de bizarro, a banda adorou, mas resolveram consultar seu amigo Robert Fraser, que era um negociante de arte. Ele desaprovou a ideia, disse que era "ruim" e que em pouco tempo seria lembrado como "apenas mais uma capa psicodélica". A ideia teria que ser impactante a fim de marcar pelo significado, não pelo visual.

Por influência dele, chamaram o fotógrafo Michael Cooper e o artista plástico pop Peter Blake. Blake pediu para que eles explicassem que imagem eles gostariam passar com a tal "banda fictícia". Lennon explicou que eles seriam uma espécie de mistura entre banda de marcha e banda militar, e que a foto da capa teria que dar a ideia de que eles acabaram de dar um concerto e que seria legal se tivesse muita gente em volta, representando o público. Inicialmente a foto seria tirada com os quatro em um coreto com seus uniformes e pessoas aleatórias em volta, mas então essa ideia se mesclou com o projeto inicial de Paul, a dos quadros com os heróis: Blake sugeriu que eles usassem, ao invés de pessoas de verdade, fotografias e recortes em tamanho natural, bonecos de cera e coisas do tipo, assim eles poderiam colocar na multidão quem eles quisessem.

Isso foi o suficiente pra ideia ser aprovada de imediato. Agora cabia a eles escolherem quem queriam incluir na multidão. Foi uma lista bem diversificada e incluía gente de todo tipo de meio: George Harrison optou por líderes espirituais indianos, entre eles o Maharishi Mahesh Yogi, que foi guru dos quatro um ano mais tarde. Paul escolheu gente do meio artístico, personalidades da TV, autores. John queria avacalhar a coisa, ainda estava irritado com a repercussão que sua entrevista havia gerado e estava disposto a provocar mais polêmica: sua lista incluía Hitler, o marquês de Sade, Nietzsche, entre outros. Ringo não quis contribuir, disse que "qualquer coisa que eles escolherem, tá bom". Além destes, também incluíram merecidamente Stuart Sutcliffe, que foi o baixista original da banda e morreu anos antes, de repente; e Bob Dylan.

As colagens levaram duas semanas pra ficarem prontas, agora era levar ao estúdio para montar o resto do cenário e fotografar. Os roadies da banda iam atrás do que faltava e os quatro beatles foram atrás das roupas. Escolheram tudo o que acharam de mais chamativo, em cores e tecidos, e com a experiência de John em uniformes militares (por causa do filme do qual havia participado, How I Won The War), criaram os seus. O relógio de flores, que fazia parte do projeto inicial, acabou virando a guitarra que conhecemos na capa atual. As flores não vieram em quantidade e nem em proporção suficientes, e quem acabou montando a guitarra foi o próprio entregador.

Além das fotos da capa e encarte, queriam incluir ainda um brinde. Pensaram em todo o tipo de bugiganga: distintivos de plástico, tatuagens auto-aderentes e pequenas parafernalhas, mas o custo de produção seria altíssimo e não haveria como incluir esse pacote dentro da embalagem do disco de maneira que pudesse ser facilmente manuseado pelo pessoal do estoque da EMI. Então acabaram incluindo no encarte uma folha de cartolina com o distintivo, crachá e bigode postiço para que fossem recortados e armados (nota minha: os encartes da versão do disco em CD também inclui essa folha!).

Mas, apesar da solução mais barata, a produção total dessa capa + encarte saiu uma fortuna para a EMI. Para os outros álbuns, a arte lhes custava entre 25 e 75 libras. Para o Sgt. Pepper's foram gastas nada menos do que 2.800 libras, o que deixou o diretor furioso. E, além disso, a EMI tinha outro aspecto a proteger, além do financeiro: sua reputação. Eles não podiam incluir Hitler na capa de um disco, não poderiam colocar Gandhi com artistas de cinema e simplesmente não podiam usar a imagem de todas aquelas pessoas sem autorização! 

Assim sendo, Paul recebeu em sua casa, dias depois, o projeto com as alterações necessárias, e nele só havia sobrado os quatro, o bumbo com o nome do álbum, as flores e um vasto céu azul. Mas Paul conseguiu contornar a situação e o diretor acabou aceitando a proposta original (sem Hitler e Gandhi, porém) de má vontade e com a autorização das demais pessoas. E mais: se alguma delas quisesse indenização pelo uso da imagem, os quatro processariam a gravadora!

Então vamos à parte divertida, observar a capa e descobrir alguns elementos:

(clique para abrir uma versão maior, para ver os detalhes - sugiro que em uma nova aba!)

► Logo à esquerda (de quem olha) da banda, há 4 bonecos de cera dos próprios Beatles, em sua aparência do início dos anos 60. As estátuas foram emprestadas do museu de cera Madame Tussauds;
► Pelo chão há diversos objetos pessoais deles; algumas imagens em miniatura, um troféu e uma TV, além de vários instrumentos de sopro (que seriam os instrumentos da "banda fictícia");
► Bem no canto direito da foto, abaixo de uma folha de palmeira, há uma boneca da Shirley Temple com uma camiseta dos Rolling Stones;
► Pra quem não conhece o rosto de Stu Sutcliffe, ele aparece na extrema esquerda da foto, em preto e branco; é o terceiro contando de cima pra baixo.

► Quer ver mais? Por este site você confere a capa de maneira interativa, é só passar o mouse por cima da imagem e ela lhe mostrará quem é.

Outras curiosidades:

► A capa ganhou o Grammy na categoria de Melhor Capa e Arte Gráfica em 1968;
► É ainda muito imitada, em tributos e paródias;
► Os seguidores da conspiração Paul is Dead deita e rola com a arte deste álbum. Para eles, tanto a capa quanto as fotos internas e até mesmo a disposição das letras da música são pistas de que Paul realmente estaria morto.


Ufa. Nunca falta assunto sobre esse álbum.

Nota: Minhas fontes de pesquisa estão por toda a internet e na biografia da banda escrita por Bob Spitz. Diferentes versões de certos aspectos existem, mas procurei me basear nas fontes mais confiáveis.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sargento Pimenta e sua banda completam 43 anos!

No dia 1º de junho de 1967 era lançado o oitavo e mais ousado álbum da banda de rock mais influente do mundo, The Beatles: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.


129 dias de gravação, uma orquestra, vários artistas contratados e incorporações de vários estilos, entre o rock'n'roll, o jazz, música clássica e música indiana tradicional. Foi um sucesso de público e crítica; na época do lançamento ficou 27 semanas no topo das paradas britânicas e 15 semanas no topo das paradas americanas; ganhou 4 Grammys em 1968 e ostenta o primeiro lugar na lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, segundo a revista Rolling Stone.

Os convido a conhecer um pouco das curiosidades por trás desse fenômeno da história do rock!

We're Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, we hope you will enjoy the show!

No fim de 1966 os Beatles já estavam exaustos. A beatlemania e as inesgotáveis turnês ao redor do mundo eram desgastantes e, além disso, eles haviam se dado um problema sem que percebessem: a sonoridade que estavam aos poucos adotando em suas músicas, a partir de Revolver, era impossível de ser reproduzida ao vivo, tamanho o nível de experimentalismo. Ademais, eles estavam caindo no conceito do público desde a infame declaração de John Lennon sobre eles serem "mais populares que Jesus Cristo", meses antes, de forma que as vendas dos discos caíram e os shows não mais lotavam.

De comum acordo (apesar da relutância de Paul McCartney), resolveram parar de se apresentar ao vivo. Ao invés de perder tempo e de se arriscarem com as viagens, usariam esse tempo em estúdio aprimorando sua música e criando coisas novas.

Com todo esse tempo que eles não tinham antes, cada um foi pra um lado. George Harrison foi pra Índia aprender a tocar cítara com Ravi Shankar; seu conhecimento em música indiana foi crucial na realização do Sgt. Pepper's. John estava na Espanha participando das gravações do filme How I Won The War (Ringo foi pra lá com a esposa mais tarde, acompanhar). Paul foi passar uma temporada na França para "relaxar". Deixou crescer um bigode (sua ideia de "disfarce") para evitar confusão nas ruas e, ao perceber que tinha dado certo, uma ideia luminosa surgiu: as pessoas não querem mais ver os Beatles e nós não queremos parar. Então vamos fazer diferente: disfarçados, seremos uma outra banda tocando o que queremos tocar.

Quando voltou para a Inglaterra, já tinha todo o conceito do álbum em mente, além do nome da banda fictícia: Sargento Pimenta e os Corações Solitários. Paul estava empolgadíssimo com a ideia: algo que nunca ninguém havia feito antes, um conceito completamente novo, e eles não teriam que viajar e se apresentar daquela maneira, o álbum iria por eles. A reação dos outros?

George odiou. Para ele, que estava cada vez mais espiritualizado e, vulgarmente falando, de saco cheio daquela coisa toda de ser um beatle, a idea de "fingir ser outra pessoa" era absurda; seria a negação do eu interior, enganar pessoas. Não, sem chance. John Lennon não fez muita objeção, apesar de sempre cortar o entusiasmo de Paul com algum comentário do tipo "pare de viajar na maionese, Paul". O casamento dele com Cynthia estava de mal a pior, e ele já havia conhecido Yoko Ono, então as prioridades dele não eram exatamente música. E Brian Epstein, o empresário... Bom, desde que façam algo, façam qualquer coisa, mas façam. A essa altura ele já estava com a saúde debilitada e viria a falecer pouco tempo após o lançamento do álbum.

Bom, aceita a ideia entre trancos e barrancos, todos no estúdio gravando. Todos deixaram crescer bigodes e criaram o uniforme de banda de marcha. John e Paul, por mais que já não estivessem se entendendo direito, estavam com a criatividade a mil e compuseram praticamente todas as canções do álbum em conjunto, como sempre, um completando o outro. O álbum a princípio seria conceitual e giraria em torno do personagem Billy Shears (interpretado por Ringo, apresentado na canção With A Little Help From My Friends), mas John Lennon e sua teimosia conseguiram mudar o rumo do trabalho, de forma que o Sgt. Pepper's é um álbum semiconceitual, mas ainda assim o primeiro da história.



A temática, no fim, ia de situações do cotidiano, até problemas familiares, a transição da infância à fase adulta; e a inspiração veio fácil, desde notícias no jornal até o comercial de cereal na televisão. A experimentação instrumental com camadas sobre camadas, instrumentos pouco usuais e orquestração foram um acerto para o álbum e para a época. Em 1967 os jovens não queriam mais ouvir as baladas românticas e o pop fácil do início da carreira da banda. Eles estavam mais interessados em discursos político-sociais, ou, talvez mais verdadeiramente falando, música pra "ficar alto". Portanto, o rock psicodélico estava em alta, e era isso que eles deveriam fazer.

A gravação do álbum mesmo foi por si só inusitada. Paul McCartney não queria gente pomposa no estúdio, visto que o conceito seria algo com um quê de circense. Ordenou que os membros da orquestra usassem coisas como perucas e/ou narizes de palhaço, pendurou balões por tudo, distribuía chupetas e aventais para todos, foi uma verdadeira festa. Alguns curtiram bastante o ambiente despojado que o então suntuoso estúdio Abbey Road agora tomava, principalmente os músicos convidados (entre eles membros dos Rolling Stones e The Monkees); mas os mais conservadores membros da orquestra e o próprio produtor George Martin ficaram visivelmente ofendidos... O que não impediu o Sgt. Pepper's de tomar forma e ser o que é até hoje, um exemplo perfeito de conceito, psicodelia e experimentação.



Já falei pra caramba, bem mais do que queria, inicialmente (pra variar). Ainda falta falar da capa, que já daria um post tão grande quanto este. Falo no próximo, afinal, não posso deixar essa parte de fora!

We're Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, we hope you have enjoyed the show! ♫