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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sargento Pimenta e sua banda completam 43 anos!

No dia 1º de junho de 1967 era lançado o oitavo e mais ousado álbum da banda de rock mais influente do mundo, The Beatles: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.


129 dias de gravação, uma orquestra, vários artistas contratados e incorporações de vários estilos, entre o rock'n'roll, o jazz, música clássica e música indiana tradicional. Foi um sucesso de público e crítica; na época do lançamento ficou 27 semanas no topo das paradas britânicas e 15 semanas no topo das paradas americanas; ganhou 4 Grammys em 1968 e ostenta o primeiro lugar na lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, segundo a revista Rolling Stone.

Os convido a conhecer um pouco das curiosidades por trás desse fenômeno da história do rock!

We're Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, we hope you will enjoy the show!

No fim de 1966 os Beatles já estavam exaustos. A beatlemania e as inesgotáveis turnês ao redor do mundo eram desgastantes e, além disso, eles haviam se dado um problema sem que percebessem: a sonoridade que estavam aos poucos adotando em suas músicas, a partir de Revolver, era impossível de ser reproduzida ao vivo, tamanho o nível de experimentalismo. Ademais, eles estavam caindo no conceito do público desde a infame declaração de John Lennon sobre eles serem "mais populares que Jesus Cristo", meses antes, de forma que as vendas dos discos caíram e os shows não mais lotavam.

De comum acordo (apesar da relutância de Paul McCartney), resolveram parar de se apresentar ao vivo. Ao invés de perder tempo e de se arriscarem com as viagens, usariam esse tempo em estúdio aprimorando sua música e criando coisas novas.

Com todo esse tempo que eles não tinham antes, cada um foi pra um lado. George Harrison foi pra Índia aprender a tocar cítara com Ravi Shankar; seu conhecimento em música indiana foi crucial na realização do Sgt. Pepper's. John estava na Espanha participando das gravações do filme How I Won The War (Ringo foi pra lá com a esposa mais tarde, acompanhar). Paul foi passar uma temporada na França para "relaxar". Deixou crescer um bigode (sua ideia de "disfarce") para evitar confusão nas ruas e, ao perceber que tinha dado certo, uma ideia luminosa surgiu: as pessoas não querem mais ver os Beatles e nós não queremos parar. Então vamos fazer diferente: disfarçados, seremos uma outra banda tocando o que queremos tocar.

Quando voltou para a Inglaterra, já tinha todo o conceito do álbum em mente, além do nome da banda fictícia: Sargento Pimenta e os Corações Solitários. Paul estava empolgadíssimo com a ideia: algo que nunca ninguém havia feito antes, um conceito completamente novo, e eles não teriam que viajar e se apresentar daquela maneira, o álbum iria por eles. A reação dos outros?

George odiou. Para ele, que estava cada vez mais espiritualizado e, vulgarmente falando, de saco cheio daquela coisa toda de ser um beatle, a idea de "fingir ser outra pessoa" era absurda; seria a negação do eu interior, enganar pessoas. Não, sem chance. John Lennon não fez muita objeção, apesar de sempre cortar o entusiasmo de Paul com algum comentário do tipo "pare de viajar na maionese, Paul". O casamento dele com Cynthia estava de mal a pior, e ele já havia conhecido Yoko Ono, então as prioridades dele não eram exatamente música. E Brian Epstein, o empresário... Bom, desde que façam algo, façam qualquer coisa, mas façam. A essa altura ele já estava com a saúde debilitada e viria a falecer pouco tempo após o lançamento do álbum.

Bom, aceita a ideia entre trancos e barrancos, todos no estúdio gravando. Todos deixaram crescer bigodes e criaram o uniforme de banda de marcha. John e Paul, por mais que já não estivessem se entendendo direito, estavam com a criatividade a mil e compuseram praticamente todas as canções do álbum em conjunto, como sempre, um completando o outro. O álbum a princípio seria conceitual e giraria em torno do personagem Billy Shears (interpretado por Ringo, apresentado na canção With A Little Help From My Friends), mas John Lennon e sua teimosia conseguiram mudar o rumo do trabalho, de forma que o Sgt. Pepper's é um álbum semiconceitual, mas ainda assim o primeiro da história.



A temática, no fim, ia de situações do cotidiano, até problemas familiares, a transição da infância à fase adulta; e a inspiração veio fácil, desde notícias no jornal até o comercial de cereal na televisão. A experimentação instrumental com camadas sobre camadas, instrumentos pouco usuais e orquestração foram um acerto para o álbum e para a época. Em 1967 os jovens não queriam mais ouvir as baladas românticas e o pop fácil do início da carreira da banda. Eles estavam mais interessados em discursos político-sociais, ou, talvez mais verdadeiramente falando, música pra "ficar alto". Portanto, o rock psicodélico estava em alta, e era isso que eles deveriam fazer.

A gravação do álbum mesmo foi por si só inusitada. Paul McCartney não queria gente pomposa no estúdio, visto que o conceito seria algo com um quê de circense. Ordenou que os membros da orquestra usassem coisas como perucas e/ou narizes de palhaço, pendurou balões por tudo, distribuía chupetas e aventais para todos, foi uma verdadeira festa. Alguns curtiram bastante o ambiente despojado que o então suntuoso estúdio Abbey Road agora tomava, principalmente os músicos convidados (entre eles membros dos Rolling Stones e The Monkees); mas os mais conservadores membros da orquestra e o próprio produtor George Martin ficaram visivelmente ofendidos... O que não impediu o Sgt. Pepper's de tomar forma e ser o que é até hoje, um exemplo perfeito de conceito, psicodelia e experimentação.



Já falei pra caramba, bem mais do que queria, inicialmente (pra variar). Ainda falta falar da capa, que já daria um post tão grande quanto este. Falo no próximo, afinal, não posso deixar essa parte de fora!

We're Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, we hope you have enjoyed the show! ♫

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